segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Aqüicultura do Brasil terá rede sobre melhoramento genético

Projeto liderado pela Embrapa Pantanal reúne oito Unidades da Embrapa, dez universidades federais, três estaduais, uma americana, institutos de pesquisa e iniciativa privada no estudo de espécies que vivem nos ecossistemas da Amazônia, Cerrados, Pantanal, Meio Norte, Extremo Sul e Costeiros.


Começa a ser desenvolvida em setembro, em várias partes do país, uma ampla pesquisa que vai estudar, pela primeira vez, o melhoramento genético na aqüicultura brasileira. Orçado em R$ 8 milhões, o projeto envolve uma estrutura de pesquisa formada por oito unidades da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento – MAPA), dez universidades federais, três estaduais, uma universidade norte-americana e outros importantes institutos de pesquisa.
A Embrapa aprovou a proposta no Macroprograma 1, instância em que se estudam os grandes desafios nacionais. A empresa vai liberar R$ 2,7 milhões para a pesquisa – R$ 2,5 milhões para custeio e R$ 200 mil para investimentos. Segundo a pesquisadora Emiko Kawakami de Resende, líder do projeto em rede, o restante dos recursos terá de ser captado nos próximos quatro anos.
Emiko disse que serão objetos de pesquisa as espécies camarão branco, a tilápia, o tambaqui e o pintado. O primeiro é cultivado na costa brasileira, principalmente no Nordeste. A tilápia, originária da África, é cultivada em todo o país, especialmente no Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. O pintado é um peixe nativo do Pantanal e o tambaqui, da Amazônia. A escolha dessas espécies baseou-se na importância econômica nacional e regional das mesmas.
O desempenho da aqüicultura no país hoje é baseado em espécies exóticas com o uso de tecnologias importadas, como acontece com o camarão marinho e a tilápia. “A tilápia Gift (Genetically Improved Farming Tilapia) já foi melhorada na Tailândia e trazida ao Brasil pela Universidade Estadual de Maringá (PR), onde o pesquisador Ricardo Pereira vai continuar o melhoramento genético”, disse Emiko.
Serão obtidas linhagens melhoradas para crescimento e transferidas aos produtores, aumentando a viabilidade econômica da atividade. Um aspecto importante no melhoramento genético dos peixes é o ganho da ordem de 15% na taxa de crescimento por geração, o que propicia alcançar o dobro da taxa de crescimento em sete gerações, não encontrado em outros grupos de animais.
No caso do camarão branco (L. vannamei), a pesquisa vai focar a resistência a doenças, especialmente as linhagens mais resistentes ao vírus da mionecrose infecciosa.
Para as espécies nativas (pintado e tambaqui), os pesquisadores vão implantar o primeiro plantel de reprodutores melhorados. “Essas linhagens superiores serão avaliadas sob as condições propostas nos distintos projetos componentes para a geração de técnicas e tecnologias biosseguras e com alto valor agregado”, explicou a pesquisadora da Embrapa Pantanal.
O projeto prevê ainda o conhecimento das exigências nutricionais das espécies escolhidas para que sejam obtidas rações de baixo custo e ambientalmente corretas; produzir animais mais sadios por meio do diagnóstico e prevenção de doenças; recomendar boas práticas de manejo para assegurar a qualidade do pescado cultivado e tecnologias para agregar valor ao produto, além de consolidar e treinar equipe técnica integrada para estudos em rede sobre aqüicultura no Brasil.